Por que ELE chorou?


Jesus estava em Jerusalém quando recebeu notícias de que um amigo querido havia adoecido (Jo 11.3). Seu nome era Lázaro. Contudo, sem se alarmar diz que aquela doença não era para a morte. Como quem diz: “filhos, não se preocupem, está tudo sob controle!”. Depois disso Jesus ainda permanece dois dias onde estava, e sem o menor sinal de pressa, só chega a Betânia, povoado de Maria, Marta e seu irmão Lázaro, dois dias depois. O que ele encontra é um funeral. Seu amigo havia morrido ha exatamente quatro dias atrás.

A segunda cena é às portas do povoado, onde Marta corre para encontrá-lo e se queixar, dizendo que o mal poderia ter sido evitado se ele estivesse chegado antes. Mais uma vez Jesus responde sem alarde, que Lázaro ressuscitará. Como quem diz: “filha, não se preocupe, está tudo sob controle!”.

Jesus demonstra a calma e serenidade confiante exclusivas daquele que pode todas as coisas, que é senhor sobre tudo o que existe, autor da vida e soberano sobre a morte. Atitudes esperadas do Filho de Deus no mundo. No entanto, suas próximas reações nesta história são surpreendentes, e certamente podem ser o que há de mais importante neste texto. Ao ver Maria e seus amigos chorando, Jesus se comove profundamente, e pede para ver Lázaro. Ao encontrá-lo morto, Jesus – aquele que consolou todos quantos se desesperaram a seus pés, que o procuraram ansiosos, que clamaram a ele tristes e sem esperança – chorou! Jesus... chorou!

Qual a razão da comoção e lágrimas de Jesus, se ele mais do que ninguém sabia que aquela doença não era para a morte, e de que ele mesmo traria a vida de Lázaro de volta? Afinal, era ele quem havia trazido consolo e conforto próprios de quem pode dizer: “tudo está sob meu controle!”. Jesus se comove e chora pela dor de duas pessoas a quem ele ama (Jo 11.5, 33), e pela morte de seu amigo (Jo 11.35), mesmo sabendo que aquela situação é para a glória de Deus, e que lázaro vai terminar o dia vivo, tendo um bom bate-papo com seus amigos. Mesmo sabendo que estava tudo sob controle.

O que isto é capaz de nos mostrar é que a soberania de Deus não esconde sua sensibilidade por nossas dores ocasionais. Jesus conhece e tem o futuro em suas mãos, no entanto é capaz de sentir e viver cada dia conosco. Chorando nossas dores, antes de nos trazer alegria do dia seguinte. Esse é o Jesus que amou Lázaro, e que nos ama hoje, chamando-nos amigos. O controle do Mestre sobre nossas circunstâncias, por mais desastrosas que sejam, nos permite todo o direito de perguntar “por quê?”, “clamar” e “chorar”, mas jamais o direito de duvidar de seu interesse, envolvimento e intenções a respeito de nossa história. Ele é capaz de chorar nossa dor, para sorrir nossas alegrias. 

Comentários

  1. Texto muito bom, Giovanni. Nos faz refletir. Realmente nunca havia parado para analisar essa passagem sob este aspecto da comoção de Jesus, mesmo com tudo sob controle.

    ResponderExcluir
  2. Lindo nosso Deus... tão grande, se fazendo tão pequeno por amor!
    Pastor, posso pegar alguns textos seus pra colocar no meu blog? Há algum tempo venho pensando em colocar reflexões, mas não tenho o dom de escrever...hehehe...
    Abração Giovanni, manda outro pra sua esposa!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Pensando na abrangência de Mc 1.9-12

A SUBVERSÃO DA RESSURREIÇÃO, PARTE 3

O fator manjedoura